PARA ENTENDER UM POUCO...
Tudo começa por volta do ano de 1700, quando uma propriedade "que fica entre o Moxotó e o Panema" começou a ser habitada. Essa propriedade com o tempo passou a se chamar Gameleira e anos depois, Moxotó.
Com o passar dos anos a região foi se desenvolvendo e então no dia 11 de setembro de 1928 Moxotó foi elevada a categoria de cidade, aglutinando assim várias regiões de municípios vizinhos e entre elas estava a então denominada vila Espirito Santo, hoje Inajá.
Os anos se passaram e por algum motivo o município de Moxotó não se desenvolveu, chegando ao ponto de seus distritos estarem a par ou até mais desenvolvidos que a própria sede municipal.
Segundo a divisão administrativa de 1933 Moxotó era composto por Mariana, Geritacó e Espírito Santo.
Tendo por base destes pontos podemos entender agora como o nosso município foi criado.
UM MUNICÍPIO: MUITOS LUGARES.
Como já foi dito anteriormente, Moxotó era um enorme município. Para se ter uma ideia se hoje ele ainda mantivesse sua formação de 1933 ele teria uma área total de 3622,389 km² , e uma população de 64227 habitantes (Dados referentes ao municípios de Ibimirim, Inajá e Manari). Com isso tornava-se difícil administrar um município tão grande com poucos recursos, por isso que os distritos foram criados, e entre eles figuravam o de Espírito Santo, hoje atual Inajá.
O tempo passou Moxotó perdeu força e como consequência, sua sede foi transferida para o distrito de Inajá, tornando-se esse sede do mesmo e assumindo todas as funções administrativas.
Quem tomou a audaciosa iniciativa de transferência? Pasmem, a própria câmara de vereadores de Moxotó, foi a responsável pela transferência de sede, coisa que não beneficiaria em nada a antiga sede, pelo contrário só a faria entrar num período de decadência.
A lei que transferiu o município concedeu a Inajá, ser a sede, e o Fórum de cidade no quadro de divisão administrativa de 1933 (já citado anteriormente). Isso ocorreu em dezembro de 1948, e a nova sede foi instalada em 1º de janeiro de 1949. Ponto final.
ENTENDENDO A TRANSFERÊNCIA DA SEDE
Não se engane. A transferência da sede do município de Moxotó para a vila de Inajá, não foi uma ideia futurista, mas sim apenas jogo politico.
A coisas não iam muito bem para Moxotó em 1948. Surgiu na câmara de vereadores da cidade uma ideia ousada que seria a transferência da sede. Os moradores então ficaram sabendo e tomaram as medidas cabíveis. Eles fizeram um "memorial" e enviaram ao governador do estado de Pernambuco. O então governador Alexandre Barbosa encaminhou o "memorial" aos deputados pedindo para que eles tomassem as devidas providências. Segundo dados do Diário Oficial do Estado de Pernambuco o memorando foi discutido no dia 21 de julho de 1948, o seguinte parecer foi dado:
"Esse memorial veio desacompanhado de provas do alegado... A comissão aprovou um parecer, no sentido de solicitar a Câmara de Vereadores do município de Moxotó as devidas explicações" (DOE 1948, acessado em 10 de setembro de 2011).
Porém a Câmara de Vereadores foi mais rápida Porque a mudança de nome?
e já sabendo do "memorial", enviou suas expli-
cações um mês antes do próprio memorial ser dis- Em dezembro de 1943, a assembleia legislativa a-
cutido! Segundo o parecer: "a Câmara provou a lei que mudava o nome dos municípios e
Municipal de Moxotó informa não existir ne- distritos. Essa lei foi aprovada para que se obede-
nhum fundamento na denúncia contida no cesse uma lei federal que proibia duplicatas no pa-
memorial já referido, e acrescentando que a ís. Deste modo, a atual Inajá não poderia se cha-
câmara esteve reunida para tratar do assunto mar Espírito Santo, uma vez que já havia um esta-
sobre o que versa a reclamação, mas até agora do com esse mesmo nome. Daí então mudou-se o
nada deliberou sobre a transferência da sede..." nome para Inajá, em referência as palmeiras que
Com isso os moradores de Moxotó ficaram Aqui existiam.
desarmados e a partir daí tudo poderia acontecer,
e aconteceu.
Quando tudo estava calmo em outubro o governador do estado mais uma vez recebeu uma mensagem do Município de Moxotó, só que desta vez foi a própria câmara de vereadores que enviou a lei nº 14 para que o governador tivesse conhecimento e encaminhasse a lei para aprovação na assembleia legislativa.
A lei nº 14 da Câmara de Vereadores do Município de Moxotó, sancionada pelo então prefeito João Inocêncio, e aprovava a transferência da sede para a vila de Inajá, bem como renomeia o município de Moxotó para Inajá. O texto ainda diz que fica definido o dia 19 de novembro para a inauguração oficial das instalações da nova sede do município.
Porém ainda faltava a aprovação da assembleia legislativa do estado para que a lei realmente tivesse força de lei.
Porém não foi fácil que essa lei fosse aprovada, veremos o porque a seguir.
Pe. LUÍZ SIMÕES E MÁRIO MELO
Talvez você nunca tenha ouvido falar no nome do Pe. acima, mas saiba que ele foi o responsável por Inajá ser cidade hoje, juntamente com Mário Melo.
Quando entrou em discussão a lei nº 14, os alguns deputados foram contra (no total 20), aquecendo o debate, eles defendiam que a sede realmente tinha que ser transferida, mas para a Ibimirim.
Eles apresentaram várias justificativas contra a transferência da sede para Inajá. Primeiramente levantaram a dúvida: as terras da sede de Inajá está ou não em propriedade religiosa, pessoa física ou jurídica de direito privado. Se isso estivesse acontecendo (realmente estava como sabemos hoje) estaria indo contra o artigo 102 da constituição de 1947. Desse modo o debate teria que ser transferido para outra comissão e não a de divisão administrativa.
O texto ainda diz que para "se transferir a sede, devia-se ter uma necessidade pública e não estar ao sabor dos interesses políticos partidários dos dominantes, através de decisões facciosas das maiorias ocasionais" (palavras do texto).
Ainda se lê: "somente quem conhece o município de Moxotó, como nós o conhecemos, pode afirmar que somente por caprichos partidários se poderá aprovar a transferência da sede para a vila de Inajá, um dos pontos mais distantes da estrada principal...que é o maior estuário para a circulação de riqueza do moxotó..."
Segundo o mesmo texto, o povo de Moxotó estaria sendo "vingado" por um péssimo resultado dos poderosos em campanhas politicas anteriores.
Os autores usam da palavra para exaltar Ibimirim dizendo: "menos desastrosa seria a escolha da vila de Ibimirim como sede do município... Ibimirim tem ao seu lado a expectativa de opulência e grandeza econômica do açude Poço da Cruz. Ao passo que Inajá é apenas a concentração do feudalismo escravista e estéril... E Ibimirim ainda está próximo de boas estradas... Por essas razões negamos o nosso voto."
Apesar disso, o projeto foi apoiado por Pe. Luis Simões e Mario Melo que defenderam a mudança alegando que a transferência da sede para Inajá era um anseio antigo, algo quase palpável, e que justificar a transferência para Ibimirim por causa do açude era em vão pois segundo ele, o açude era uma utopia, (nós sabemos que não foi!). Se não fossem eles, hoje talvez Inajá ainda fosse um povoado de Ibimirim.
O MUNICÍPIO TEM NOVO NOME: INAJÁ
Com a aprovação da lei pelo palácio das princesas, Inajá passaria a ser agora a sede do município. Segundo a lei, isto passaria a valer no dia 1º de janeiro de 1949. Não foi encontrado evidências históricas que justifiquem a data 2 de janeiro como dia da emancipação de Inajá.
Como Inajá foi apenas transferido, a cidade de Inajá nunca foi emancipada de fato, e sim o seu herdeiro: Moxotó. Desde modo a data correta de emancipação política do município de Inajá seria 11 de setembro de 1928, ou seja Inajá completa hoje seus 83 anos sem nenhum evento importante, não ser votação para o conselho tutelar.
Porém a cidade de Inajá só tem 62 anos, já o município 83. Fique-se claro 11 de setembro e tão importante quanto o dois de janeiro que até agora não possui justificativa (quem tiver favor comunicar).
Parabenizamos nosso município que apesar de tantas dificuldade vem se mantendo e mostrando do que é capaz. E a nós moradores comemoremos esses 83 anos de força e coragem que fizeram nossos prefeitos e vereadores chegar ao Inajá que temos hoje.
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